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Atualidades
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Crise logística trava comércio internacional e deve se estender por 2022

Descompasso entre demanda e oferta somado às restrições sanitárias nos portos
 está entre as causas da crise logística



Uma série de fatores relacionados à pandemia de covid-19 tem causado uma crise logística sem precedentes no comércio internacional. Os preços de fretes registram aumentos na casa dos três dígitos, cargas demoram quase o dobro do tempo para sair dos portos e há falta de contêineres em muitas regiões do mundo. Mesmo que uma leve melhora esteja próxima, uma estabilização definitiva deve chegar só no segundo semestre de 2022.

Uma das principais causas para esse problema é o total descompasso entre oferta e demanda na retomada das atividades: depois que tudo parou, no ápice da crise sanitária, o consumo voltou com muito mais rapidez do que se esperava, sem que a oferta pudesse acompanhar. Dessa maneira, todo o fluxo de comércio internacional precisou ser replanejado com foco nas rotas entre Ásia (fornecedores) e Estados Unidos e Europa (compradores).

Outro fator importante para essa crise são as restrições sanitárias, que ainda afetam boa parte dos portos mundiais, mesmo com a retomada do comércio. Na China, por exemplo, o terceiro maior porto do mundo em movimentação de contêineres permaneceu duas semanas fechado depois que um funcionário foi diagnosticado com covid-19. Esses fechamentos — combinados com crises extraordinárias, como a do navio Evergreen no Canal de Suez — interrompem o fluxo de cargas no mundo em um efeito cascata.

Enquanto os contêineres ficam parados em certos portos e algumas rotas são privilegiadas em detrimento de outras, faltam equipamentos em diversas regiões.
As dificuldades específicas do Brasil nesse cenário

O agronegócio brasileiro tem sido um dos mais impactados pela crise dos contêineres, já que não é uma região tão atrativa para o transporte internacional quanto os EUA e a Europa, afinal representa cerca de 1% da movimentação mundial, além de ter um desbalanceamento de fluxos de carga — exporta muito um tipo de produto sem importá-lo ou vice-versa. Com isso, os contêineres que vêm cheios voltam vazios, o que não é interessante para as empresas.

Outro aspecto que faz o agronegócio brasileiro cair na lista de prioridades é que suas cargas refrigeradas, como carnes, frutas e flores, representam maior risco para os operadores de frete. Produtos secos acabam sendo mais atrativos neste momento. Somada a isso, há a fama de baixa eficiência aduaneira portuária do País.

Tudo isso contribui para que os fretes tenham aumentado mais no Brasil do que em outras regiões, com preços que quadruplicaram para trazer um contêiner da Ásia. Mesmo as exportações estão mais caras; o frete daqui para os EUA aumentou 433%, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgados pelo Estadão. As rotas que eram atendidas semanalmente podem demorar de 10 a 12 dias para sair do porto, o que também pode aumentar custos com armazenamento.

Nesse contexto caótico, a solução da crise logística passa por um aumento na produção dos contêineres em curto prazo. A agilidade nas operações de carga e descarga nos portos, com alívio das barreiras sanitárias, também será de grande ajuda. Porém, uma estabilização mais duradoura dos fluxos de movimentação de contêineres vai precisar de mais tempo para acontecer, sendo prevista apenas para o fim do ano que vem.

Por enquanto, é importante se preparar para gastos maiores com armazenamento e frete, além de programar melhor a produção para evitar perda de produtos em atrasos — algo que pode afetar cargas perecíveis. Entidades do agronegócio estão pleiteando auxílio das autoridades brasileiras para tornar nossas aduanas mais eficientes.


Fonte: Estadão, Agência Infra, Info Money.
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