De olho nas projeções de inflação, COPOM mantém Selic em 10,5% e não descarta elevar a taxa básica
A edição de agosto do Panorama do Comércio, publicado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), já está disponível. O relatório mostra que o setor fechou o primeiro semestre de 2024 com resultados promissores. De acordo com o IBGE, as vendas do varejo ampliado, que inclui setores como veículos e material de construção, cresceram 4,3% em comparação ao mesmo período de 2023. No comércio varejista, o avanço foi ainda maior, registrando 5,2%, refletindo um cenário de recuperação e potencial para novas conquistas nos próximos meses.
Esse crescimento é impulsionado principalmente pelo aumento da renda média dos brasileiros e pela contínua queda do desemprego, que atingiu níveis semelhantes aos de 2015. Além disso, o crescimento acima do esperado do PIB nos primeiros meses do ano contribuiu significativamente para esse desempenho positivo. Entretanto, mesmo com esses avanços, a confiança do consumidor não acompanhou o ritmo de melhora dos indicadores econômicos, permanecendo estagnada nos últimos meses.
A falta de entusiasmo dos consumidores reflete, em grande parte, o quadro ainda elevado de endividamento. Embora o número de endividados tenha caído, ele permanece em um patamar preocupante, o que impede uma recuperação mais robusta da confiança.
Desafios e expectativas
No cenário macroeconômico, a inflação continua a ser uma preocupação central, tanto no Brasil quanto no exterior. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros (SELIC) em 10,5% ao ano, alertando que, se necessário, poderá elevar a taxa para controlar a inflação. Apesar das projeções do Banco Central indicarem uma tendência de queda nos próximos meses, essa desaceleração pode não ser suficiente para trazer a inflação de volta ao centro da meta.
Apesar dos desafios, o desempenho positivo do primeiro semestre de 2024 oferece uma base sólida para que o comércio continue avançando, mesmo em um ambiente duvidoso. A manutenção desse ritmo de crescimento dependerá de como a economia brasileira navegará por esses desafios, com destaque para a política monetária e a confiança do consumidor.
Assista também ao vídeo abaixo com a especialista em Finanças da CNDL, Merula Borges, com a análise do Panorama do Comércio deste mês.
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