O Ministério da Fazenda apresentou, durante a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4) da ONU, em Sevilha, o Eco Invest Brasil como referência global em financiamento climático. A Fazenda também anunciou a internacionalização do programa e, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Reino Unido, lançou a plataforma FX EDGE – uma solução para destravar investimentos privados em países em desenvolvimento. O evento ocorreu entre 29 de junho e 3 de julho.
Na Espanha, representantes do MF participaram da Plataforma de Ação de Sevilha (Sevilla Platform for Action). A missão internacional do MF participou ainda da Semana de Ação Climática de Londres (London Climate Action Week), entre 21 e 29 de junho, no Reino Unido.
“O Eco Invest Brasil é mais do que uma política pública nacional – é um modelo institucional com potencial global. A plataforma FX EDGE mostra como a inovação brasileira pode contribuir para soluções regionais e Sul-Sul em finanças sustentáveis”, afirmou o coordenador do Programa Eco Invest da Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, Mário Gouvea.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também celebrou o protagonismo brasileiro. “É motivo de orgulho ver a experiência do Brasil com o Eco Invest inspirar soluções financeiras inovadoras que agora ganham escala regional e global. Ao compartilhar essa trajetória, contribuímos para que outros países apoiados pelo BID também encontrem caminhos para viabilizar financiamento para transição ecológica em países emergentes”, afirmou.
Modelo para o mundo
Integrado ao Plano de Transformação Ecológica – Novo Brasil, o programa Eco Invest Brasil combina blended finance, proteção cambial, liquidez e estruturação de projetos, com o objetivo de mobilizar capital privado para projetos sustentáveis no Brasil. A iniciativa busca viabilizar projetos estratégicos para a indústria verde, recuperação de biomas, infraestrutura para lidar com os efeitos das mudanças do clima e de inovação tecnológica para a Transformação Ecológica.
A plataforma FX EDGE, baseada no modelo do Eco Invest, reúne mecanismos para reduzir o risco cambial e mobilizar capital privado em países emergentes. Entre os instrumentos estão:Mecanismo de Financiamento Misto, para ampliar a escalabilidade de investimentos em projetos sustentáveis;
Prepação de Projetos, para estimular o desenvolvimento de novas iniciativas no país;
Linha de Liquidez Cambial, que protege projetos contra fortes desvalorizações de moeda local;
Programa de Derivativos Cambiais, canalizando instrumentos de hedge de longo prazo, com suporte do BID.
O FX EDGE será implementado com apoio do governo do Reino Unido, por meio do Programa de Infraestrutura Sustentável do Reino Unido (UK Sustainable Infrastructure Programe), tendo o Brasil como coimplementador na América Latina e Caribe, enquanto o BID fornecerá assistência técnica e apoio financeiro aos países da região.
O programa Eco Invest é uma das principais iniciativas do eixo de Finanças Sustentáveis do Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica e tem por objetivo mobilizar capital privado externo para financiar projetos sustentáveis no Brasil, mediante a ampliação da proteção cambial a esses investimentos, a partir de diversos instrumentos como blended finance, estruturação de projetos, liquidez e opções de compra de moeda (hedge cambial).
Leilões
Enquanto o modelo brasileiro ganha projeção mundial, o Eco Invest Brasil avança no país. Os recursos mobilizados no primeiro leilão da iniciativa, realizado em 2024, começaram a ser liberados pelos bancos e instituições financeiras participantes. O primeiro desembolso foi feito no final de junho pelo HSBC Brasil, que liberou R$ 125 milhões para o desenvolvimento de uma refinaria destinada à produção de diesel renovável (HVO) e combustível sustentável de aviação (SAF) a partir do óleo de macaúba. O empreendimento será feito em terras degradadas na Bahia e Minas Gerais.
O primeiro leilão mobilizou cerca de US$ 8 bilhões em compromissos de investimento privado, consolidando o Eco Invest como uma das principais ferramentas do governo federal para financiar a transição ecológica.
Lançado em abril deste ano, o segundo leilão do Eco Invest receberá propostas de instituições financeiras até o próximo dia 21 de julho. O foco desta rodada são projetos de recuperação de terras degradadas em todo o território nacional, com expectativa de R$ 10 bilhões do setor privado para recuperação de 1 milhão de hectares e de conversão dessas áreas em sistemas produtivos sustentáveis, nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. O Bioma Amazônico, por suas peculiaridades, será tratado de forma específica e em leilão exclusivo, previsto para os próximos meses.
Na etapa atual, o leilão, no âmbito do Caminho Verde Brasil, conta com a parceria do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Há a exigência de que os projetos contemplados direcionem mais 5% das propriedades para reserva legal e que 10% contemple a Caatinga, região mais vulnerável às mudanças climática.
Atualmente, cerca de 280 milhões de hectares no Brasil são usados para a agropecuária, sendo 165 milhões de hectares de pastagens, dos quais 82 milhões estão degradados. A meta do governo é recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens nos próximos dez anos.
Destaques da Missão Internacional do Eco Invest Brasil
Londres – London Climate Action Week (21 a 29/6):Participação em painéis com WWF, IDH, Rabobank, Sainsbury’s e outros;
Apresentação sobre “Trilha agropecuária e leilão de pastagens degradadas”;
Rodada bilateral com o Reino da Noruega e reuniões com grandes bancos.
Sevilha – Sevilla Platform for Action / FFD4 da ONU (29/6 a 2/7):Lançamento oficial da plataforma FX EDGE;
Apresentação institucional do Eco Invest como referência global;
Participação de alto nível no painel “Solutions for Managing Currency Risks”;
Avanço da internacionalização Sul-Sul, com apoio do BID.
Categoria
Finanças, Impostos e Gestão Pública
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