Alberto Serrentino, da Varese Retail, foi um dos palestrantes do evento da Abad (Foto: Divulgação/Abad)
Hoje, 90% dos consumidores consultam a internet antes de fazer uma compra. Por outro lado, 80% dos usuários de smartphone utilizam o aparelho, dentro da loja, para decidir sobre sua compra. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (7), durante a programação da 41ª Convenção Anual do Canal Indireto, realizada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD), em Atibaia (SP), de 6 a 8/6.
Este comportamento do consumidor exige que os negócios do varejo e do canal indireto adotem soluções simples e rápidas para a facilitar a tomada de decisão do comprador atual. E não faltam tecnologias para auxiliar as empresas do comércio e serviços. De acordo com Roger Saltiel, sócio da Integration Consulting, o Brasil tem mais de 370 startups de serviços desenvolvendo sistemas e outras tecnologias para o setor varejista. Destas, nove são unicórnios – aquelas avaliadas em US$ 1 bilhão – que atuam com entregas ou e-commerce B2C/B2B.
“A digitalização pode agregar e ampliar a proposta de valor do negócio, através de novas ferramentas, que também podem reforçar a presença da empresa dentro da jornada de compra do cliente”, disse o sócio da Integration Consulting. “O uso de inteligência de dados e de ferramentas de automação alavancam a eficiência operacional do empreendimento”, acrescentou.
Saltiel mediou o painel “A digitalização potencializando os negócios”, quando também divulgou o Mapa da Digitalização, desenvolvido pelo Comitê Canal Indireto. A ferramenta tem mais de 30 iniciativas de transformação digital que tocam múltiplas áreas do negócio – do operacional, passando pelo comercial, até o administrativo – a fim de facilitar a digitalização dos negócios da cadeia de abastecimento.
“É um grande road map, um plano de batalha do que precisa ser feito e o que deve ser priorizado. São exemplos de ações para inspirar as empresas, um caminho para as empresas avaliarem o que já estão fazendo, considerando seu contexto, porte e necessidade, e buscar avançar na transformação digital”, disse Roger Saltiel.
Desafios e adaptabilidade
No painel “Tecnologia e processos em benefício da gestão”, o mediador Alberto Serrentino, da Varese Retail, falou sobre a agenda atual do varejo e sobre a relevância da tecnologia para as empresas se adequarem aos novos ambientes e competências do setor.
Segundo o especialista em varejo, nos últimos anos, a loja física foi redefinida e o supply chain ganhou mais peso na competitividade da empresa. Também surgiram as plataformas digitais e os ecossistemas de negócios. Tudo isso fez com que o varejo deixasse de ser um ramo de baixa densidade tecnológica, e se tornasse high tech em busca de mais eficiência e produtividade. “As lideranças precisam aprender a navegar nestes ambientes novos, e isso passa por investir em tecnologia e ser mais flexível”, alertou Serrentino.
O ambiente é de, cada vez mais, instabilidade e incerteza. Isso porque o Brasil e o mundo passam por uma crise sanitária e de abastecimento, inflação, novos modelos de trabalho (híbrido) e jornada, além da aceleração digital, desglobalização e conflitos bélicos. Estas novidades estão exigindo dos negócios mais flexibilidade e capacidade de adaptabilidade.
“Muitas empresas estão redefinindo suas estratégias de sourcing e voltando à lógica de abastecimento próxima e confiável, em detrimento da distante e de baixo custo, porque o próprio custo do transporte está impactando enormemente, principalmente, toda a cadeia de abastecimento”, exemplificou o criador da Varese Retail.
Serrentino também discutiu como as novas modalidades de pagamento, como o PIX, e de trabalho estão impactando o varejo. Com uma parte da população brasileira passando a ter rotina de trabalho híbrido, os hábitos alimentares dos brasileiros mudaram completamente, inclusive, quando, onde e como se compra alimentos.
“Se as pessoas passam a fazer três ou quatro refeições a mais dentro de casa, isso desloca o eixo de demanda, onde elas vão comprar e o que vão demandar, porque a refeição do dia a dia dentro de casa não é a mesma do fim de semana de lazer. Durante a semana, demanda conveniência – que passa a ser vital –, praticidade e soluções – como os apps de delivery”, frisou Alberto Serrentino.
Com este cenário, os apps de delivery já estão criando dark stores de alimentos, em cidades brasileiras de grande e médio porte, possibilitando a entrega de pedidos em apenas quinze minutos.
Nos Estados Unidos, o Walmart – que tem 90% da população do país a 16km de uma das suas lojas – transformou 75% de seus pontos de vendas – cerca de 3,5 mil PDVs – em verdadeiros hubs de entrega. Isso significa que 80% dos norte-americanos podem receber sua compra no mesmo dia e 68% em até duas horas. “Isso é enxergar o negócio numa perspectiva que vai além do puro varejo”, afirma Serrentino.
No Brasil, os grandes varejistas também têm investido pesado em infraestrutura logística, justamente para levar conveniência e agilidade para o consumidor. Só para ter uma ideia, o Mercado Livre já realiza 90% de suas entregas em até dois dias.
Separamos dois slides da apresentação de Serrentino com dados importantes:
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