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sexta-feira, 24 de março de 2023

Real Digital: mais agilidade, segurança e custo menor das transações financeiras



O BC (Banco Central) iniciou, este mês, os testes do Real Digital em uma plataforma de transações financeiras que utiliza tecnologia de registro distribuído ou, em inglês, DLT (distributed ledger tecnology). Nomeada “Piloto RD”, a fase de testes está alinhada com as novas diretrizes definidas pelo BC em fevereiro deste ano.

“As diretrizes foram atualizadas para direcionar a evolução da iniciativa do Real Digital e guiar discussões com reguladores domésticos e estrangeiros, organismos internacionais, indústria e academia”, explica Fabio Araujo, consultor do Deban (Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos, do Banco Central).

Desde 2020, o Banco Central vem estudando e trabalhando na criação de uma moeda digital para o país, o que deve agilizar e baratear os processos financeiros, à exemplo do PIX – outra inovação do BC. A moeda digital brasileira será regulada, administrada e monitorada pelo próprio Banco Central e deve funcionar como uma versão virtual do próprio Real físico.

A expectativa da autoridade monetária é que o RD esteja disponível para o uso dos brasileiros em 2024. Para o César Bergo, economista e professor de Mercado Financeiro da UnB (Universidade de Brasília), o Real Digital deve oferecer mais agilidade, segurança e redução nos custos das transações financeiras.

“Basicamente, vai misturar um pouco do que a gente já conhece do Pix, com relação a rapidez das transações, que vão ser totalmente eletrônicas. Isso tudo facilita a negociação com relação a parte de comércio, indústria e fornecedores. Então, muitos e todos tendem a ganhar com essa tecnologia”, afirma o economista.

Segundo as suas diretrizes, o RD está em consonância com o surgimento de novas tecnologias, como os contratos inteligentes (smart contracts) e o dinheiro programável, usado em operações vinculadas à IoT (internet das coisas). Além disso, dará “suporte à oferta de serviços financeiros de varejo liquidados por meio de tokens de depósitos em participantes do SFN (Sistema Financeiro Nacional) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro”, aponta o BC, que destaca que o RD está sendo todo elaborado seguindo as recomendações internacionais e as normas legais de prevenção à lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros.

“Com a implementação efetiva do Real Digital, os clientes finais terão acesso à infraestrutura por meio de seus relacionamentos com as instituições financeiras e de pagamentos sem acesso direto ao Real Digital ou a ferramentas de programação disponíveis na plataforma”, ressalta Alzira Morais, da Secretaria Executiva do BC. “Tal proposta permite que os clientes finais tenham acesso a serviços e ao mercado de ‘ativos tokenizados’, ao passo que preserva a integridade, a estabilidade e a intermediação no SFN, bem como os mecanismos de multiplicação bancária e o normal funcionamento do mercado de crédito”, completa.

O economista ressalta que o Real Digital não é uma criptomoeda. “A criptomoeda é um ativo que leva em consideração a demanda e oferta, então, quanto mais você procura a criptomoeda, mais ela valoriza e isso ocorre de uma forma descentralizada”, esclarece.

Impactos para no mercado


Bergo reforça que os ganhos e os impactos do RD no mercado devem ser positivos. “Vai facilitar os negócios e reduzir de custos, que é fundamental para os negócios. Então do ponto de vista de mercado, não há dúvidas que essa tecnologia vem para somar, beneficiando tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas, como os lojistas e comerciantes”, diz o professor, que acrescenta: “para o país, vai gerar uma boa economia e um melhor desenvolvimento econômico, isso é fundamental nos dias de hoje”.

Por outro lado, o especialista aponta alguns fatores limitantes para a nova ferramentia, como o fato de nem todo brasileiro ser bancarizado e muitos não possuirem acesso à internet. Pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a PcW mostra que 33,9 milhões de brasileiros não possuem acesso à internet e se encontram completamente desconectados do mundo virtual.

“Agora não tenha dúvida, você vai ter a sua carteira digital – que não vai ser mais de couro, mas no smartphone –, e isso pode criar várias possibilidades com a interligação com outros sistemas e facilitar o pagamento oferecendo mais segurança, sobretudo em função do blockchain, que fornece a criptografia de todo o sistema”, finaliza.

Com informações do BC.

Reportagem: Gabriella Tomaz
Edição: Fernanda Peregrino

   
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