Aprenda com as empresas que estão lucrando com os novos modelos de negócio
Se no passado, o concorrente da sua loja estava na esquina ao lado ou na rua vizinha, hoje, a concorrência não está mais, única e exclusivamente, no comércio local ou até mesmo no mercado nacional. O varejo internacional disputa, internamente, os consumidores brasileiros, e muitas vezes com diferenciais competitivos que o Brasil não possui. Segundo o diretor de Operações da Gouvêa Ecosystem, Eduardo Yamashita, esse é um dos maiores desafios que os varejistas nacionais enfrentam.
“Hoje em dia, se você é, por exemplo, um varejista do seguimento de construção, o seu concorrente direto não é mais a loja do mesmo setor que está na rua debaixo, pois o seu consumidor também faz o uso de outros canais, inclusive o digital. O que acontece agora é que o seu cliente tem mais opções que vão além do físico e nacional e ele vai optar por aquele que que faz mais sentido pra ele”, explicou Yamashita no terceiro e último dia do LRS 2023 (Latam Retail Show), em painel que também contou com a participação de Marcelo Marques, da Mobly, e Thaise Hagge, da “Compre agora”.
Ou seja, não basta o lojista só se digitalizar, é preciso oferecer um diferencial para se destacar aos olhos do consumidor – fazendo com que prefira uma empresa nacional, ao invés de uma gigante asiática, por exemplo – e fidelizá-lo. “Entender o seu setor e o perfil do seu público são essenciais para a sobrevivência do negócio hoje”, aponta ainda o diretor der Operações.
O LRS 2023 foi realizado na última semana em São Paulo e reuniu 230 palestrantes em 60 palestras e painéis temáticos, que abordaram os desafios atuais do setor, como usar a criatividade para inovar e como ter as pessoas no centro das estratégias. No bate-papo com Yamashita, Marques e Hagge, foi discutida a transformação da realidade do consumo e varejo através das plataformas digitais.
Novo jogo das plataformas digitais
A digitalização do consumidor, a queda das barreiras no varejo e os novos modelos de negócios marcam a “Era da metaconcorrência”, termo batizado pela Gouvêa Ecosystem e diz respeito a “esse novo momento, no qual os modelos de negócios passam a ser desafiados e todo mundo precisa repensar a maneira como se faz negócio”, a avalia o diretor da Gouvêa Ecosystem.
Segundo o especialista, repensar o atual modelo é essencial para quebrar ciclos do passado e entrar de vez no novo mercado. Entre as empresas que já estão praticando a metaconcorrência, Yamashita cita algumas gigantes brasileiras: Zé Delivery, Magalu, Compra Agora, Mercado Livre, Sallve e Mobly. Internacionalmente, já se adaptaram ao novo varejo a Shopee e o Alibaba.
Mas o que essas empresas têm em comum? A intersecção é as plataformas digitais. Esse novo modelo de negócio envolve os canais online de vendas e, para se ter destaque, é necessário se reinventar e adaptar o seu negócio à demanda dos seus clientes e concorrentes.
Você está pronto para repensar o seu modelo de negócio?
A Mobly é uma plataforma de venda de móveis e produtos de decoração para casa que nasceu em 2011 de maneira totalmente digital, mas que hoje já conta com lojas físicas, sendo uma das gigantes do setor que pertence.
Marcelo Marques, cofundador e CFO da Mobly, explica que a empresa nasceu já no digital porque ele e seus sócios acreditavam que a inovação era necessária dentro do setor, que tinha grande potencial, mas que era dominado por players voltados para o varejo físico.
“A gente queria ir além! Queríamos entender não como ocorreria a transformação digital, mas sim como seria feita a estruturação nessa nova situação, que era sair do meio físico, onde tudo era palpável, para o digital, mas sem perder a experiência da loja física”, comenta Marques.
Mas por que é preciso pensar na digitalização do seu negócio? Segundo Marcelo, apesar de a resposta parecer óbvia – a pandemia abalou as estruturas da maioria dos segmentos e acelerou a penetração no digital –, esse não é o único motivo.
“A gente vê o poder do consumidor, principalmente, em países emergentes onde passaram a ter acesso a produtos e serviços que não tinham, como o acesso à banda larga, celulares, bancarização e até a inteligência artificial, que ajudam na pesquisa (e comparação) de preços, o que atende as classes C e D. Esse movimento acelerou a curva de crescimento ainda mais para os mercados de móveis e artigos para casa e moda e beleza, por exemplo”.
E como a Mobly se estruturou para incorporar o digital como estratégia em uma categoria muito atrelada a loja física? Marcelo explica que eles criaram três pilares que são sempre sustentados por tecnologia. São eles:
1º) Experiência multicanal
“Se a gente quer vender móvel para qualquer lugar do Brasil, eu não posso ter o mesmo produto disponível em todas as lojas de todas as localidades. Precisamos oferecer uma oferta similar para que os clientes tenham uma experiência próxima, independente da plataforma que ele estiver usando, seja pelo celular, computador ou até mesmo na loja física, seja ela grande ou pequena”, diz o fundador da Mobly.
2º) Variedade de produtos
Marcelo Marques afirma que o digital proporciona a possibilidade de prateleira infinita, com um leque amplo de produtos disponíveis. “É preciso ter uma oferta robusta de produtos, ou seja, ter uma oferta e quantidade grandes e entender como fazer preço, logística e prazos funcionarem para onde quer que vá oferecer aquele produto”.
3º) Tecnologia para integrar a cadeia de suprimentos
O empreendedor comenta que a logística para a categoria de móveis e decoração é muito difícil de se realizar, pois é preciso pensar em todos os detalhes para que nada seja perdido ou danificado no caminho. “É fazer com que você tenha a menor quantidade de perdas, tentar ter o mínimo possível de custos, mas da maneira mais eficiente que for possível”, ressaltou o CFO da Mobly.
Da dor do distribuidor, a solução para o varejista de bairro
O Compre Agora é um ecossistema de serviços digitais voltado para o B2B. Foi criado para o varejista de vizinhança, que é independente e tradicional e que não pertence as grandes redes. São os varejos que não são atendidos diretamente pela grande indústria.
Thaise Hagge, fundadora e Managing Director do Compre Agora, explica que a plataforma nasceu para reduzir distâncias, mais especificamente a da indústria com os pequenos varejistas.
Segundo a fundadora do Compre Agora, estima-se que existam 530 mil varejos de vizinhança em todo Brasil e o segmento do varejo indireto representa mais de 60% do mercado de bens e consumo, cerca de 2/3 de tudo o que a indústria produz.
“A ideia é diminuir a distância estratégica, para promover a inovação, descobrir qual produto vende melhor e quais combinam mais com aquele varejista para que dessa forma, possamos oferecer os produtos ideais nas quantidades necessárias. É juntar o grande com o pequeno e fazer essa ponte entres os dois”, disse Thaise Hagge.
Para as grandes indústrias chegarem no varejo pulverizado de pequenos negócios é muito complicado, pois além das grandes distâncias, precisam reduzir a quantidade de produto que é vendido e entender qual o público e demanda daquele empreendimento. A solução para reduzir a distância, além de garantir mais agilidade na cadeira e reduzir custos, é utilizar a digitalização para ajudar toda a cadeia de abastecimento do varejo.
A Compre Agora nasceu para solucionar esses problemas. Teve início como Compra Unilever em 2016, mas passou por uma expansão se emancipando da Unilever e se tornando um marketplace e um ecossistema de fortalecimento e crescimento de toda a cadeia de valor. A plataforma conta com amplo sortimento de produtos e as indústrias também podem participar e colocar os seus produtos. Com isso, tem capacidade e ofertar preços competitivos para os varejistas. Gera ainda maior tráfego que converte em mais lojas cadastradas e proporciona melhor atendimento e experiência.
Além disso, a plataforma tem serviços de consultoria, que vai até a loja ajudar o varejista a se digitalizar e usar as ferramentas digitais para impulsionar o seu negócio, além de oferecer crédito para que possa realizar a compra de reposição de estoque.
“O nosso grande objetivo é fazer com que o lojista compre bem, venda bem e administre bem o negócio dele. Dessa maneira todos os envolvidos, mas principalmente o pequeno varejista saem ganhando”, finaliza a empreendedora.
Edição: Fernanda Peregrino
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