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terça-feira, 11 de junho de 2024

O futuro do varejo se escreve com IA



Não há como negar, o futuro de tudo será dominado pela Inteligência Artificial. E, como não pode ser diferente, também o varejo.

Não há como negar, o futuro de tudo será dominado pela Inteligência Artificial. E, como não pode ser diferente, também o varejo.

São múltiplos fatores interagindo na construção dessa realidade emergente, mas já muito presente. Isso envolve um processo dramático de metaempoderamento dos consumidores-cidadãos, que com as ferramentas e recursos acessíveis, de forma cada vez mais massificada pela IA, reconfiguram de forma irreversível suas expectativas, desejos e comportamentos em relação às marcas, negócios, produtos, serviços e as próprias relações com outros consumidores-cidadão.

E também com o Estado e suas comunidades, que o fazem sem medo de errar, pois a todo mundo é dado o direito de testar, optar e mudar. E tudo isso acontece numa velocidade espantosa. Quem se lembra que a massificação do acesso ao ChatGPT, uma das primeiras alternativas disponíveis em larga escala, tem apenas 18 meses?

Da mesma forma, empresas, marcas, negócios, entidades, governos e organizações têm os mesmos recursos disponíveis, porém, em escala muito maior e acessível. Mas têm contra si a dificuldade da evolução sistemática pelos padrões, cultura e processo decisório. Talvez as únicas exceções sejam as empresas ligadas as áreas de tecnologia, digital e os ecossistemas de negócios.

E isso está gerando um descompasso em relação ao futuro. Diferente do passado, a velocidade da transformação está puxada pelo mercado e pela demanda, mais do que pela oferta.

É isso que temos observado também no varejo e nos mercados de consumo, em que as alternativas são oferecidas, mas as empresas demoram para se dar conta da importância da adoção mais rápida, pois todo o processo está balizado em valores, cultura e atitudes do passado e do presente, enquanto consumidores já estão agindo conectados com o futuro. Criou-se um gap existencial empresarial.

Na última semana, durante o Digitail, evento centrado na transformação do e-commerce, alguns exemplos reais de uso foram apresentados, como nos cases Boticário, Pet Love, C&A, Amaro, Shopee por aqui; e aqueles mostrados também por Tencent, Stream Shop e Comerzzia. Uso efetivo e real.

Sem dúvida, o maior desafio é o discernimento entre o que é buzz e o que é elemento real de transformação. Sem falar que muito do básico passou a ser promovido travestido de IA.

Isso torna mais difícil e desafiante a missão de liderar em tempos de transformações revolucionárias, em que é preciso discernir de forma consistente o que é, de fato, transformador e precisa ser incorporado e o que buzz alimentado de forma frenética pelos mecanismos de ativação digital.

Ainda recentemente estávamos na China e Bill Gates anunciava que a IA permitiria que nós, ocidentais, pudéssemos trabalhar menos, talvez 3 a 4 dias apenas por semana.

Nós quem, cara pálida, perguntariam os 1,4 bilhões de chineses envolvidos pela proposta da busca da liderança política e econômica do mundo pela via da tecnologia e do digital?

É inegável o processo de aceleração das transformações, que já era frenético pré-IA massificada, acelerou ainda mais na fase pós, em especial pela massificação, simplificação e amigabilidade do acesso proporcionado pelas diversas plataformas disponíveis.

E como fica no varejo? Decifra-me ou te devoro.

Definitivamente, avança ainda mais e rápido, numa exponencial de mudanças que reconfigura todo o setor que tem o privilégio e o desafio de estar em contante conexão com o elemento fundamental desse processo, que é o omniconsumidor-cidadão elevado à potência IA.

Em suas atitudes como consumidor, como cidadão e como pessoa, seus comportamentos têm se alterado em velocidade crescente e não necessariamente evolutiva, mas disruptiva na maioria de seus aspectos.

Em um cenário mais amplo, lideranças dos setores de varejo, comércio e consumo se defrontam com a necessidade de se engajar, decidir prioridades, investimentos e foco num cenário reconfigurado, em que o passado deixa de ser uma referência para, em muitos casos, se tornar um ônus, pois condiciona opções pela história de uma realidade alterada a cada instante.

Não importa o cenário presente e futuro, mas para o varejo, que sempre foi impregnado em sua ação pela proximidade e conectividade com o consumidor mutante e mutável, o protagonismo será sempre uma demanda fundamental e pode trazer para o setor novos interesses, investimentos, foco e conexões, desde que possa pensar e reconfigurar os negócios para essa emergente realidade do futuro reescrito com IA.

*Marcos Gouvêa é diretor-geral da Gouvêa Ecosystem
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